quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O Florista


Naquela primavera, o perfume das flores exalava por toda a rua dos Alfeneiros. Sua fragrância ia percorrendo as singelas casas que haviam por ali, até entrar na única janela aberta de uma casa rosa, número quatro.
Toda manhã, Bianca gostava de sentir o vento tocando seu rosto rosado e ver o brilho do sol entrando em seu quarto. Só depois disso, seu dia realmente começava.
Enquanto se arrumava, seu amigo Leonardo já a esperava na floricultura da esquina, onde os dois trabalhavam havia dois anos. Segundo ele, a floricultura só engrenou após a chegada da moça, pois ela era muito simpática e pegava a amizade dos clientes facilmente.
Nessa época do ano, o local era agitado e Bianca vendia desde arranjos com as mais belas rosas vermelhas colombianas até as mais simples violetas. Vendia a todos, porém nunca havia recebido flores, nem sequer aquelas apanhadas do jardim. Mas, aquela Quarta-feira havia sido especial. Algo diferente havia acontecido.
Chegara na floricultura como todos os outros dias. Sorridente, entrou pela loja cumprimentando todos que já estavam apreciando as flores. Deixou sua bolsa no armário e foi em direção ao balcão. Ao sentar na cadeira, viu um pequeno arranjo de flores do campo em sua mesa. Procurou um cartão ou qualquer outra identificação de entrega. Não achou. Confusa, contou a Leonardo o ocorrido e confirmou que aquelas flores eram mesma para ela. Apesar de achar que alguém havia cometido um tremendo engano, também pensou em quem poderia ser o seu, agora, admirador secreto.
Passaram-se alguns dias, mas Bianca não havia esquecido a pessoa misteriosa. Por quê será que não havia nenhum cartão? Medo de se identificar? Essas eram as perguntas que passavam na cabeça de Bianca. Quem escutava suas lamúrias era o coitado de Leonardo, que não sabendo o que falar, deixava sua amiga ainda mais confusa.
No final da tarde, quando ia fechar a loja, Leonardo disse que poderia fechá-la sozinho. Bianca nem hesitou, pois estava cansada demais. Chegando em casa, foi conferir todos os extratos, pedidos e contas do final do mês. Acabou achando um papel meio amassado entre os outros tantos. Abriu. Percebeu que era uma caligrafia conhecida. Era um pedido. Um pedido feito numa quarta-feira, onde foram encomendadas flores do campo. Bianca deixa cair o papel de suas mãos e o seu coração acelera. Pensamentos confusos e vários acontecimentos rodando em sua cabeça. Estava sem ação, sem palavras. Sorriu. Não sabia explicar o que estava sentindo. A única coisa que sabia era que seu coração queria ver Leonardo.
(Dayane Ros)

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O Centro


Corro contra o tempo,
costurando o cruzamento.
Estrada da vida,
Caminho barulhento

Passos marchados,
batidas coordenadas,
horários marcados.
Seqüência interminável...

Floresta cinzenta.
Silêncio inquietante.
Semblantes frios,
Na busca incessante

Gente como a gente,
se escondem na multidão.
Máscaras de personalidade,
mera ilusão.

(Leonardo Dias)