sexta-feira, 27 de julho de 2007

Rosa no Asfalto




A Flor e a Náusea

"...Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio".

(Carlos Drummond de Andrade)

2 comentários:

_ch!k-3m0c!0n_ disse...

me encanta la poesia
hago la mia propia espero la leas
adeeos

Escrituras ao léu para quem quiser ler disse...

Gente, ele sempre foi ótimo!